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Episódio #22 – Manejo e fertilidade de solos

Iniciado nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, em 1970, e com o processo de adoção pelos agricultores, a partir de 1976, o Sistema Plantio Direto (SPD) está hoje sendo adotado e adaptado a quase todas as regiões do Brasil. A agropecuária brasileira tem assumido papel de destaque mundial por conta de sua eficiência. Em parte, isso se deve aos avanços técnicos agronômicos promovidos pelas instituições públicas e privadas nas últimas décadas, potencializados pela consolidação e expansão do SPD no Brasil. Tal associação raramente é reconhecida. Internacionalmente, a produção agropecuária brasileira baseada no SPD é considerada pela FAO, há mais de 10 anos, como um modelo a ser seguido no mundo, tornando o Brasil uma referência no assunto (Bartz.2012)

O plantio direto, definido como o processo de semeadura em solo não-revolvido, no qual a semente é colocada em sulcos ou covas, com largura e profundidade suficientes para a adequada cobertura e contato delas com a terra, é hoje entendido como um sistema com os seguintes fundamentos que se interagem: eliminação/redução das operações de preparo do solo, uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas, ação da cobertura morta que fornece proteção contra o impacto (gotas de chuva, erosão, reduz evaporação e temperatura do solo), rotação de cultura com a combinação de espécies com diferentes exigências nutricionais, produção de fitomassa e sistema radicular torna o sistema mais eficiente, além de facilitar o controle integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.

Está fundamentado na mobilização mínima do solo, numa faixa estreita da superfície do terreno para o plantio, na manutenção de palhada sobre o solo, no controle químico de plantas daninhas e na necessidade da sucessão e rotação de culturas. Requer cuidados na sua implantação e, depois de estabelecido, seus benefícios estendem-se não apenas ao solo, mas, consequentemente, ao rendimento das culturas e à competitividade dos sistemas agropecuários. Além disso, devido à drástica redução da erosão, reduz o potencial de contaminação do meio ambiente e dá ao agricultor maior garantia de renda. Assim, a estabilidade da produção é ampliada em comparação aos métodos tradicionais de manejo de solo. Por seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, pode-se afirmar que o SPD é uma ferramenta essencial, para se alcançar a sustentabilidade dos sistemas agropecuários. 

As vantagens e/ou as desvantagens do plantio direto dependem de uma série de fatores e características edafoclimáticas da região, onde esse sistema é ou será utilizado. É fundamental que, em cada região, o sistema seja adaptado, seguindo suas vocações naturais, de forma que ele seja o mais eficiente possível. Além disso, verifica-se que, à medida que o agricultor e a região se tornam mais familiarizados no uso do plantio direto, novas vantagens são adicionadas ao sistema e novas alternativas para resolver problemas vão surgindo. Um exemplo disto é o relato de Puríssimo (1997) sobre a evolução do sistema: inicialmente, o plantio direto pode ter sido considerado como reativo para a resolução dos problemas de erosão e conservação do solo, especialmente na região dos Campos Gerais, no Paraná. A falta de equipamentos adequados, a indisponibilidade de maiores alternativas ,de herbicidas para o controle mais efetivo das plantas daninhas mais comuns e, obviamente, a falta de maiores conhecimentos sobre o assunto eram os fatores mais limitantes. 

Com os impactos econômicos da agropecuária brasileira, demonstrada nos dados estatísticos amplamente divulgados, fica evidente quando se avalia o desempenho da balança comercial das últimas décadas. Ele nada mais é do que o reflexo direto da eficiência apresentada pelos produtores agropecuários, pois, dentro de um sistema econômico de livre iniciativa e de mínima intervenção do Estado. Em forma de garantias ou disponibilidade de créditos, o risco da atividade recai exclusivamente sobre o produtor, e o lucro passa a ser o combustível da atividade e a eficiência, o motor dela. Esta pode ser uma das explicações da expansão do SPD ocorrida na década de 1990, pois os sucessivos pacotes econômicos do Brasil minguaram a disponibilidade de crédito para investimento e para custeio. Os produtores passaram a buscar alternativas de melhor desempenho econômico e as experiências bem-sucedidas no SPD começaram a ser divulgadas mais frequentemente, atraindo cada vez mais adeptos.

Referências 

PURÍSSIMO, C. Experiências do manejo de plantas daninhas no Sul/Sudeste do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 21., 1997, Caxambu, MG. Palestras e mesas redondas •.. Viçosa: SBCPD, 1997. p.33-35.

http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/485004

BARTZ, Herbert Arnold et al. Sistema de plantio direto é opção de sustentabilidade. Revista Visão Agrícola, v. 10, p. 46-8, 2012.

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